Envio de Ana Carina Carneiro

No passado dia 16 de Junho realizou-se uma vigília dedicada ao meu envio, como integrante do VTS para a missão das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, em Timor.
Foi um momento muito especial não só para mim, como certamente para todos os VTS que comigo têm feito esta caminhada e para todos os que se têm juntado a nós.
Tudo começou com uma decisão (talvez uma das mais importantes), a de conhecer cada vez mais e melhor o verdadeiro sentido de ser VTS - A descoberta deste nosso lema, deixado pela Madre Teresa de Saldanha: Fazer o Bem Sempre e onde seja possível.
E porque não ficar por cá, onde também há tanto por fazer? – Perguntarão alguns.
A resposta é simples, há que SER onde nos fazemos mais necessários, em determinada altura da nossa vida. Não há caminhos certos nem errados, apenas formas diferentes de se ser feliz e de sê-lo em comunidade.E como enunciou Pascal “O coração tem razões que a própria razão desconhece!”
Não é uma decisão fácil abandonar tudo e todos! – Exclamarão outros.
É verdade. Mas não o sinto como um abandono e sim com a alegria de poder levá-los a todos comigo. Haverá dias bons, dias menos bons, dias em que a saudade vai apertar e a distância fazer-se sentir, mas ficarei feliz por recordar o sem número de pessoas que me apoiaram e que sempre me deram toda a força. E na origem de tudo, encontro o Senhor, que faz de mim instrumento e dá sentido à minha vida.
E este foi o primeiro passo da caminhada. – Deixar de pensar nas dificuldades e entraves e dedicar-me ao que tinha de fazer. Não por obrigação, mas pela imensa vontade de fazer cada vez mais e melhor pelos que nada têm. É certo que não irei mudar o mundo. As guerras, a fome, a miséria e a maldade infelizmente continuarão a existir. Mas já me darei por satisfeita se poder dar a minha contribuição, para que o mundo de alguém possa mudar.
E essa não é apenas a minha missão, mas a de todos nós. Parar de pensar apenas em nós próprios e olhar em volta. De certeza que descobrimos alguém próximo que necessita do nosso auxílio. Alguém que, por vezes não necessita mais do que a nossa companhia e de saber que ali estamos. Ou alguém com problemas mais sérios, que um simples desabafo não consegue resolver. Em todo o caso, não o façamos de cara triste e sim com um sorriso no rosto. Porque a missão (seja ela qual for!) não é para ser vivida com sacrifício e por obrigação, ou porque fica bem, mas porque dela nascem coisas boas e não só para os outros, mas para nós mesmos. Quem dá sem nada pedir, acaba por receber muito mais.
Bem, e a minha missão de vos maçar com as minhas alegres divagações termina por hoje, mas não sem antes agradecer a todos os amigos e família que se fizeram presentes (fisicamente ou em pensamento) na missa de envio no dia 17 na Paróquia de Sacavém (a comunidade que me viu crescer por todos estes anos). Depois de uma vigília tão vivida interiormente, faltava apenas partilhar a minha felicidade com todos vós. Obrigada ainda a Ti meu Deus, por todas as bênçãos que tenho recebido e que este meu pequenino “esforço” solidário que Te ofereço venha a contagiar outros. Porque sozinhos somos apenas uma gota insignificante, mas juntos poderemos ser um oceano de amor.



Ana Carina Carneiro
VTS Lisboa, Julho 2012

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