VTS DE LISBOA - Um pequeno olhar sobre o nosso retiro

No passado fim-de-semana, 11 a 13 de março, a comunidade de Lisboa reuniu-se na casa das irmãs na Costa da Caparica para realizar o seu retiro anual.
Na sexta-feira, chegamos á casa das manas, organizámos as nossas coisas, jantámos e partilhámos um pouco de como tinha sido o dia a dia de cada um. Seguidamente fizemos a oração da noite a qual foi preparada pela nossa guia espiritual, irmã Angélica. Esta oração alertou-nos ou levou-nos a pensar na importância da oração na nossa vida, nos vários momentos dela ( nas alegrias, nas angústias, nas injustiças, no silêncio, no barulho…), como orar ( cada um deve procurar a sua forma de orar ), a importância de orar ao deitar e quando acordamos. Foi um momento de refletir sobre a oração. Não existem fórmulas ou formas certas para o fazer. Devemos procurar orar. Só. Orar. Onde quisermos e quando tivermos vontade. Quando estamos tristes, zangados, alegres, sozinhos, todos os momentos são bons para o fazer. É sempre boa altura para orar e estar com o Pai. E para isso não são precisas mil palavras. O que é necessário é abrir o coração à oração e deixarmo-nos conduzir por ela, por Deus. Que é um Deus de amor, de afeto e ternura.
Finalizámos com a leitura de um salmo, o salmo 26 o qual falava sobre ter confiança em Deus, Deus terno e eterno. Deus que não nos abandona nunca. Um Deus que nos ama infinitamente. Um Deus que está sempre à nossa espera. Um Deus que é vítima e não a causa, nas injustiças e na maldade do mundo.
“ Se precisares de alguma coisa, reza para que te seja concedida. Deus quer o teu bem…”
E assim finalizámos a nossa sexta-feira. 

 No sábado, despertámos, tomámos o pequeno-almoço e pelas 10 horas iniciámos os “trabalhos”. Começámos pela leitura do salmo 22. Foi-nos apresentado o Senhor como um pastor, um guia que consola as suas ovelhas. Que sorri quando estamos felizes.
Vimos uns slides preparados pela comunidade de Avanca sobre as obras de misericórdia. Foi um trabalho muito rico onde aprendi e refleti sobre a temática abordada.
Depois lemos e refletimos três documentos: As três Parábolas da Misericórdia capítulo 15 do Evangelho de São Lucas; a Mensagem Quaresmal do Cardeal-Patriarca de Lisboa e a Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma. São textos riquíssimos com mensagens muito semelhantes.
A Quaresma é tempo de encontro com Deus. Ele concede a graça da misericórdia e temos de ser misericordiosos uns para com os outros e para connosco.
É fundamental e até urgente reconhecer que somos amados por Deus…um Deus misericordioso. É fundamental…é necessário perdoar e perdoarmo-nos. É um exercício constante e todos possuímos essa capacidade. Como voluntários é fulcral estarmos mais atentos ao outro. Experimentar a misericórdia de Deus diariamente, ter de colocar em prática as obras de misericórdia.
Não precisamos de ir para longe para fazer o Bem…devemos começar em casa, no nosso prédio, na escola, no trabalho, no nosso bairro, no nosso grupo de amigos, com quem se cruza connosco na rua…
Somos chamados por Deus a fazer o bem onde e quando seja necessário. Para além de estarmos atentos é importante estarmos preparados a amar e a atuar. Aliás, para mim, as duas não existem separadamente.
E nas nossas ações temos de ter sempre presente a certeza do amor Fiel de Deus. Transmitir com alegria a alegria deste amor e dá-lo aos outros, gratuitamente, tal como ele nos foi concedido a nós.
Temos de ser misericordiosos diariamente, tem de ser a nossa forma de viver. E nada melhor do que ter, também, como exemplo Teresa de Saldanha que se deu, totalmente, aos outros e que mesmo com muitas adversidades (onde teria sido muito mais fácil desistir) lutou com muita fé e com muita persistência. Tal como ela dizia “o amor nunca descansa”. Nas nossas adversidades diárias, quando sentirmos que há demasiadas pedras há uma frase, um lema que a irmã Angélica referiu que me fez pensar bastante…..” se o caminho está difícil então é porque estás no caminho certo”.
É uma frase a digerir.
  
Da parte da tarde, vimos outros slides realizados pela comunidade de Avanca sobre Teresa de Saldanha. Foi mais uma oportunidade de aprender mais sobre a nossa mentora.
Houve uma frase que me marcou profundamente…” A cruz é a condição para o seguimento de Jesus.”  
Esta frase tem sido muito marcante para nós como comunidade e individualmente e, nesta altura, nem sabíamos o que estava para nos acontecer.
Grande foi a vida de Teresa de Saldanha sempre marcada pelo seu amor fiel a Jesus desde muito cedo. Foi uma visionária do seu tempo. Estava sempre preocupada com o”outro” e tudo fazia para ajudar. E muito fez.
“ A caridade não conhece limites” – Teresa de Saldanha
As irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena estão presentes em várias partes do mundo: Portugal, Timor, Paraguai, Moçambique, Brasil e Albânia. Nestes países são muitas e diferenciadas missões que as irmãs abraçam. E com muito amor levam a cabo tudo quanto o Senhor lhes pede.
Após mais esta aprendizagem e reflexão, fomos dar uma caminhada junto ao mar. Foi um momento para descontrair e para tirar algumas fotos para mais tarde recordar.
Quando regressámos fizemos uma Celebração Penitencial antecedida pela oração Via Matris.
De seguida foi altura de preparar o jantar e de o fazermos juntos.
Seguidamente, vimos o filme “ Do you believe?” – Acreditas?.
Foi um filme bastante marcante, para mim. Deixo-vos um dos muitos exemplos que foram importantes para mim. Que me levaram a refletir a minha fé e o que tenho, ou não, com ela.
- Acreditas em Cristo?
- Acreditas que morreu por nós?
- Acreditas na sua Cruz?
- Ok…o que tens feito? O que vais fazer? Prova-o….mostra com a tua vida.

Foram-nos dados exemplos de 12 pessoas com os seus diversos e diferentes problemas. Deus atua de formas diferentes nas suas vidas e vai provando que está ao seu lado.

Foram muitos os ensinamentos que pude retirar:
·         Deus de amor, de proximidade, de vigia;
·         Ao nos deixarmos tocar por Ele e ao O proclamarmos modificamos não só a nossa vida, mas também a dos outros.
·         Ao termos consciência de que somos filhos de Deus, do quanto somos imensamente amados por Ele, sentimo-nos impelidos a transmitir com imensa alegria a Boa Nova.
Diariamente nos é pedido para sermos o rosto, as mãos, o corpo de Jesus. Estar atento ao irmão que se cruza connosco. Ajudar sem esperar nada em troca. Orar por todos e por nós, até por aqueles que nos fazem mal. A oração é a nossa força, o nosso alento, carregando sempre a nossa Cruz.
E assim terminamos este sábado, tão rico e intenso.



 No domingo, último dia do nosso retiro, começamos com uma oração seguido do pequeno almoço e continuando com a participação na Eucaristia.

Neste domingo, o Evangelho falava-nos sobre a mulher adúltera. Durante a homília, recebemos mais um sinal do nosso bom Deus. O sacerdote informou que durante a última via sacra realizada com 600 famílias foram elaboradas cruzes com os restos de árvores e que iriam ser entregues a todos neste dia. Neste momento, olhámos uns para os outros e lembramo-nos do filme que tínhamos visto na noite anterior, no qual a dada altura o pastor que falava para a sua assembleia, informou que iriam receber uma cruz como sinal do amor de Deus e os desafiou a fazer algo com esse amor.
Na “nossa” homília o sacerdote realçou que aquela cruz nos devia lembrar do amor de Jesus, de que estamos unidos como igreja. Somos Um
Foi, para mim, mais um sinal muito “visível” do nosso Deus para nós como comunidade e para cada um de nós, individualmente, da sua presença, do seu amor. Senti-me imensamente feliz e, sobretudo, grata.
Depois desta Eucaristia tão especial, regressámos a casa, almoçámos, arrumámos as nossas coisas e fizemos a nossa avaliação.
Para mim foi um retiro forte, intenso e carregado de aprendizagens. Devido a algumas situações menos positivas que têm acontecido na minha vida, ansiava muito por este retiro. Ansiava por poder conseguir estar mais com Deus pois no correr do dia a dia nem sempre consigo fazê-lo da melhor maneira. Agradeço a todos os manos e à irmã Angélica por tornarem este fim de semana tão especial. Agradeço a irmã Angélica pelo imenso trabalho que teve na preparação do retiro.
O único aspeto negativo foi não ter a minha filha junto de mim nestes dias, teve de ficar com os avós pois não iria permitir que o grupo estivesse a usufruir do retiro plenamente e também ela não iria aproveitar da melhor forma estes dias. Contudo, conto que nos próximos retiros ela esteja presente e aproveite plenamente destes momentos tão importantes e especiais.
Neste momento, sinto-me muito mais forte e muito mais “entregue” ao VTS. Como comunidade…como família. Vocês são mesmo meus irmãos e quero continuar a caminhar ao vosso lado na direção que Deus Pai quiser.
Obrigada

Ângela Silva
VTS Lisboa