VTS DE LISBOA - Um pequeno olhar sobre o nosso retiro
No passado fim-de-semana, 11 a
13 de março, a comunidade de Lisboa reuniu-se na casa das irmãs na Costa da
Caparica para realizar o seu retiro anual.
Na sexta-feira, chegamos á casa
das manas, organizámos as nossas coisas, jantámos e partilhámos um pouco de
como tinha sido o dia a dia de cada um. Seguidamente fizemos a oração da noite
a qual foi preparada pela nossa guia espiritual, irmã Angélica. Esta oração
alertou-nos ou levou-nos a pensar na importância da oração na nossa vida, nos
vários momentos dela ( nas alegrias, nas angústias, nas injustiças, no
silêncio, no barulho…), como orar ( cada um deve procurar a sua forma de orar …), a importância de orar ao deitar e
quando acordamos. Foi um momento de refletir
sobre a oração. Não existem fórmulas ou formas certas para o fazer. Devemos
procurar orar. Só. Orar. Onde quisermos e quando tivermos vontade. Quando
estamos tristes, zangados, alegres, sozinhos, todos os momentos são bons para o
fazer. É sempre boa altura para orar e estar com o Pai. E para isso não são
precisas mil palavras. O que é necessário é abrir o coração à oração e
deixarmo-nos conduzir por ela, por Deus. Que é um Deus de amor, de afeto e ternura.

“
Se precisares de alguma coisa, reza para que te seja concedida. Deus quer o teu
bem…”
E assim finalizámos a nossa
sexta-feira.
No sábado, despertámos, tomámos o pequeno-almoço e pelas 10 horas iniciámos os “trabalhos”. Começámos pela leitura do salmo 22. Foi-nos apresentado o Senhor como um pastor, um guia que consola as suas ovelhas. Que sorri quando estamos felizes.
Vimos uns slides preparados
pela comunidade de Avanca sobre as obras de misericórdia. Foi um trabalho muito
rico onde aprendi e refleti sobre a temática abordada.
Depois lemos e refletimos três
documentos: As três Parábolas da Misericórdia capítulo 15 do Evangelho de São
Lucas; a Mensagem Quaresmal do Cardeal-Patriarca de Lisboa e a Mensagem do Papa
Francisco para a Quaresma. São textos riquíssimos com mensagens muito
semelhantes.
A Quaresma é tempo de encontro
com Deus. Ele concede a graça da misericórdia e temos de ser misericordiosos
uns para com os outros e para connosco.
É fundamental e até urgente
reconhecer que somos amados por Deus…um Deus misericordioso. É fundamental…é
necessário perdoar e perdoarmo-nos. É um exercício constante e todos possuímos
essa capacidade. Como voluntários é fulcral estarmos mais atentos ao outro.
Experimentar a misericórdia de Deus diariamente, ter de colocar em prática as
obras de misericórdia.
Não precisamos de ir para longe
para fazer o Bem…devemos começar em casa, no nosso prédio, na escola, no
trabalho, no nosso bairro, no nosso grupo de amigos, com quem se cruza connosco
na rua…
Somos chamados por Deus a fazer
o bem onde e quando seja necessário. Para além de estarmos atentos é importante
estarmos preparados a amar e a atuar. Aliás, para mim, as duas não
existem separadamente.
E nas nossas ações temos de ter
sempre presente a certeza do amor Fiel
de Deus. Transmitir com alegria a alegria
deste amor e dá-lo aos outros, gratuitamente, tal como ele nos foi
concedido a nós.
Temos de ser misericordiosos
diariamente, tem de ser a nossa forma de viver. E nada melhor do que ter,
também, como exemplo Teresa de Saldanha que se deu, totalmente, aos outros e
que mesmo com muitas adversidades (onde teria sido muito mais fácil desistir)
lutou com muita fé e com muita persistência. Tal como ela dizia “o amor nunca descansa”. Nas nossas
adversidades diárias, quando sentirmos que há demasiadas pedras há uma frase,
um lema que a irmã Angélica referiu que me fez pensar bastante…..” se o caminho está difícil então é porque
estás no caminho certo”.
É uma frase a digerir.
Da parte da tarde, vimos outros
slides realizados pela comunidade de Avanca sobre Teresa de Saldanha. Foi mais
uma oportunidade de aprender mais sobre a nossa mentora.
Houve uma frase que me marcou
profundamente…” A cruz é a condição para
o seguimento de Jesus.”
Esta frase tem sido muito
marcante para nós como comunidade e individualmente e, nesta altura, nem
sabíamos o que estava para nos acontecer.
Grande foi a vida de Teresa de
Saldanha sempre marcada pelo seu amor fiel a Jesus desde muito cedo. Foi uma
visionária do seu tempo. Estava sempre preocupada com o”outro” e tudo fazia
para ajudar. E muito fez.
“
A caridade não conhece limites” – Teresa de Saldanha
As irmãs Dominicanas de Santa
Catarina de Sena estão presentes em várias partes do mundo: Portugal, Timor,
Paraguai, Moçambique, Brasil e Albânia. Nestes países são muitas e
diferenciadas missões que as irmãs abraçam. E com muito amor levam a cabo tudo
quanto o Senhor lhes pede.
Após mais esta aprendizagem e
reflexão, fomos dar uma caminhada junto ao mar. Foi um momento para descontrair
e para tirar algumas fotos para mais tarde recordar.
Quando regressámos fizemos uma
Celebração Penitencial antecedida pela oração Via Matris.
De seguida foi altura de
preparar o jantar e de o fazermos juntos.
Foi um filme bastante marcante,
para mim. Deixo-vos um dos muitos exemplos que foram importantes para mim. Que
me levaram a refletir a minha fé e o que tenho, ou não, com ela.
- Acreditas em Cristo?
- Acreditas que morreu por nós?
- Acreditas na sua Cruz?
- Ok…o que tens feito? O que
vais fazer? Prova-o….mostra com a tua vida.
Foram-nos dados exemplos de 12
pessoas com os seus diversos e diferentes problemas. Deus atua de formas
diferentes nas suas vidas e vai provando que está ao seu lado.
·
Deus
de amor, de proximidade, de vigia;
·
Ao
nos deixarmos tocar por Ele e ao O proclamarmos modificamos não só a nossa
vida, mas também a dos outros.
·
Ao
termos consciência de que somos filhos de Deus, do quanto somos imensamente
amados por Ele, sentimo-nos impelidos a transmitir com imensa alegria a Boa
Nova.
Diariamente nos é pedido para
sermos o rosto, as mãos, o corpo de Jesus. Estar atento ao irmão que se cruza
connosco. Ajudar sem esperar nada em troca. Orar por todos e por nós, até por
aqueles que nos fazem mal. A oração é a nossa força, o nosso alento, carregando
sempre a nossa Cruz.
E assim terminamos este sábado,
tão rico e intenso.
No domingo, último dia do nosso retiro, começamos com uma oração seguido do pequeno almoço e continuando com a participação na Eucaristia.
Neste domingo, o Evangelho
falava-nos sobre a mulher adúltera. Durante a homília, recebemos mais um sinal
do nosso bom Deus. O sacerdote informou que durante a última via sacra
realizada com 600 famílias foram elaboradas cruzes com os restos de árvores e
que iriam ser entregues a todos neste dia. Neste momento, olhámos uns para os
outros e lembramo-nos do filme que tínhamos visto na noite anterior, no qual a
dada altura o pastor que falava para a sua assembleia, informou que iriam
receber uma cruz como sinal do amor de Deus e os desafiou a fazer algo com esse
amor.
Na “nossa” homília o sacerdote
realçou que aquela cruz nos devia lembrar do amor de Jesus, de que estamos
unidos como igreja. Somos Um.
Foi, para mim, mais um sinal
muito “visível” do nosso Deus para nós como comunidade e para cada um de nós,
individualmente, da sua presença, do seu amor. Senti-me imensamente feliz e,
sobretudo, grata.
Depois desta Eucaristia tão
especial, regressámos a casa, almoçámos, arrumámos as nossas coisas e fizemos a
nossa avaliação.
Para mim foi um retiro forte,
intenso e carregado de aprendizagens. Devido a algumas situações menos
positivas que têm acontecido na minha vida, ansiava muito por este retiro.
Ansiava por poder conseguir estar mais com Deus pois no correr do dia a dia nem
sempre consigo fazê-lo da melhor maneira. Agradeço a todos os manos e à irmã
Angélica por tornarem este fim de semana tão especial. Agradeço a irmã Angélica
pelo imenso trabalho que teve na preparação do retiro.
O único aspeto negativo foi não
ter a minha filha junto de mim nestes dias, teve de ficar com os avós pois não
iria permitir que o grupo estivesse a usufruir do retiro plenamente e também
ela não iria aproveitar da melhor forma estes dias. Contudo, conto que nos próximos
retiros ela esteja presente e aproveite plenamente destes momentos tão
importantes e especiais.
Neste momento, sinto-me muito
mais forte e muito mais “entregue” ao VTS. Como comunidade…como família. Vocês
são mesmo meus irmãos e quero continuar a caminhar ao vosso lado na direção que
Deus Pai quiser.
Obrigada
Ângela
Silva
VTS Lisboa