O peso e a leveza

Há quanto tempo não caminhamos estrada fora assobiando, ou não seguimos pelos atalhos silenciosos com um fio de erva nos lábios, sem mais, sem pressas nem pretensões? Há quanto tempo não bendizemos os caminhos que não conduzem a nenhuma parte e que, por isso, nos dão a possibilidade de estar, de vaguear, de medir o momento apenas com o peso e a leveza da própria marcha?
Há uma experiência que só começa quando as perguntas sobre o que fazemos ali deixam de interessar. Estamos, ponto final. Viemos. Não é saber ou a utilidade que a define. 
A sabedoria verdadeira não consiste, assim, num conhecimento prévio, mas em alguma coisa que se descobre na habitação do próprio caminho. Por isso, vale a pena deixar-se interrogar pelos versos de Lao Tsé:
"Quando ingressam na vida,
os homens são tenros e fracos;
quando morrem, 
são secos e duros. 

Por isso, os duros e fortes
são companheiros da morte,
e os tenros e frágeis
são companheiros da vida."

José Tolentino Mendonça em "O pequeno caminho das grandes perguntas"


O VTS fez balanço deste ano pastoral que termina, este ano atípico que nos desafiou de tantas e múltiplas formas, que nos fez crescer e reforçar laços mesmo à distância. Agora é tempo de descanso, de tirarmos tempo para Ele, de gozar o tempo sem questões, limitando-nos a estar e a aproveitar da beleza que diariamente nos é oferecida. O blog continuará ativo em partilhas daquilo que vivemos, temos e somos! 
Boas férias :) 



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