Madre Inês Champalimaud Duff - Merecida homenagem




A Câmara Municipal de Aveiro deliberou, há poucos dias, atribuir o nome da Madre Maria Inês Champalimaud Duff a uma das nossas ruas citadinas. Foi uma atitude mais do que justa, para lembrar uma singular educadora e benfeitora que, durante vinte e cinco anos foi diretora do Colégio de Santa Joana. Pelo seu modo de ser e de agir, ganhou a simpatia de todas as pessoas, sendo incalculável a soma de benefícios que esta dominicana, aveirense por adoção e por residência, espalhou em benefício de muitas crianças e adultos.
O Mosteiro de Jesus, em Aveiro, não se fechou à morte da última religiosa professa, ocorrida em 02 de março de 1874, mas converteu-se num Colégio de formação feminina. No princípio, a instituição reduziu-se a um modesto externato para meninas pobres; todavia, em 1881, começou a funcionar mas apenas com vinte alunas, por várias dificuldades, especialmente com a falta de pessoal habilitado. Todavia, em 1882, aumentou, algum tanto, a frequência das candidatas e o apreço da cidade de Aveiro, apesar de continuarem os apertos económicos, devidos à incorporação de todos os haveres conventuais no Tesouro do Estado.
Com a tentativa de melhorar a bitola educativa do estabelecimento, D. Manuel Correia de Bastos Pina, bispo da Diocese de Coimbra, a que Aveiro pertencia, dialogou com D. Teresa de Saldanha de Oliveira e Sousa, irmã do marquês de Rio-Maior, que, embora ainda não tivesse professado, dirigia efetivamente a Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena que ela fundara; em fins de 1882, o prelado começou diversas indagações em ordem a uma possível aceitação da proposta que lhe fizera a diretora do Colégio de Santa Joana, D. Leonor Angélica de Lemos, para se responsabilizar pela instituição.
O Conselho das religiosas dominicanas, reunido em 13 de agosto de 1884, decidiu-se pela aceitação, sendo designada como primeira superiora da Comunidade religiosa e diretora do Colégio a Madre Maria Inês Champalimaud Duff, dotada das melhores qualidades de inteligência e de coração, que nasceu na freguesia da Lapa (Lisboa) em 11 de março de 1836, sendo filha de um distinto casal; com ela viria um grupo de irmãs, escolhidas entre as melhores para o efeito. 
Depois de algumas diligências, em 16 de outubro de 1884 D. Teresa de Saldanha, a sua madre vigária e a madre Maria Inês partiram de Benfica (Lisboa) para Aveiro. Por provisão do dia 19, o prelado autorizou as dominicanas a organizarem ou reorganizarem o Colégio de educação para meninas internas e externas no edifício do velho Mosteiro de Jesus.
Finalmente, em 10 de novembro, reabriu o Colégio de Santa Joana sob nova orientação; em 20 de junho de 1886, a instituição contava cento e cinquenta e duas educandas, entre ricas e pobres. Na apreciação do historiador aveirense Marques Gomes, era «um dos primeiros do País, é o assombro de todos os que de longe e de perto o visitam». E tal assim era que, em novembro de 1903, escreveria a madre Maria Inês: - «Temos duzentas e quarenta e cinco crianças ao nosso cuidado».
Durante vinte e cinco anos, muitas centenas de meninas passaram pelo Colégio de Santa Joana, sob a égide da Madre Maria Inês Champalimaud Duff, que também orientou a Aula Pobre, sendo muito querida por todos pela sua extraordinária caridade. Muita gente de Aveiro solicitava o seu conselho; os pobres tinham-na como mãe desvelada; os ciganos falavam singelamente com ela; os atormentados procuravam-na para encontrar nela a alegria e a paz. Acabaria por falecer em 10 de dezembro de 1909; os seus restos mortais foram sepultados no Cemitério Central de Aveiro. Agora recordamo-la na placa toponímica.

Mons. João Gaspar
23-07-2020


Comentários

Boa tarde!
Sabem dizer-me onde saiu esta notícia e em que data?
Muito obrigada,
Helena Ribeiro de Castro