Quis Deus que o Lourenço nos escolhesse como pais


Bem, escrever sobre esta nova etapa da minha vida não é tão fácil como esperava, primeiro porque os momentos que tenho para parar um pouco e fazer algo para mim ou por mim são raros e muito preciosos; depois, porque há tanto para dizer, são tantas as mudanças e sentimentos que, sinceramente, nem sei por onde começar.  

Mas ser mãe deste pequeno é uma aventura que começou há cerca de 18 meses, quando descobrimos que ele estava a caminho. Um misto de alegria e medo apoderou-se por alguns momentos dentro de nós... Apesar de ser algo muito desejado, pensar na grande responsabilidade que é amar e educar uma criança fez-nos tremer um bocadinho e duvidar se estaríamos à altura de tão grande desafio. 

O tempo passou e quis Deus que o Lourenço nos escolhesse como pais. Foi ainda durante a gravidez que apanhamos o primeiro susto, soaram campainhas de que algo poderia estar errado com o nosso pequenino, felizmente não passou disso mesmo, um susto. O Lourenço nasceria com pé boto bilateral, mas era apenas isso!! 😊 

Claro, inicialmente foi um choque, trilhávamos caminhos novos, nunca antes explorados por nós e, não bastava isso, ainda teríamos que lidar com esta pequena diferença à nascença. O meu medo era não estar à altura do desafio, seria tudo novidade, à nossa espera estaria um bebé, já por si um desafio, e um tratamento a iniciar logo durante as primeiras semanas de vida! 

Durante vários dias, na minha cabeça só ecoava a seguinte frase “Deus, capacita os escolhidos.”, e foi este pensamento a minha força, a minha esperança. O pai António, esteve sempre mais sereno, mais confiante e isso também me encorajou a viver a restante gravidez com maior tranquilidade! 

Passados 9 meses, lá estava o Lourenço nos meus braços, encostadinho a mim, e tudo passou... O medo deu lugar a força e coragem para enfrentar o problema, arregaçar as mangas e pôr mãos à obra. 

A primeira grande lição como mãe foi perceber que o amor por um filho é tão completo, tão verdadeiro, tão imenso, que não há dificuldade nenhuma que não estejamos dispostos a enfrentar para garantir o seu bem estar, a sua felicidade.

Acho que só aí consegui compreender, ou estar mais próxima de compreender, como é realmente o amor de Deus por nós, seus filhos! Um amor sem limites, que tudo suporta e que tudo faz pela nossa felicidade. Que se alegra com as nossas vitórias e se entristece com a nossa dor, mas que nos encoraja sempre a não desistir.



Hoje, passados 10 meses, sei que ainda vamos apanhar muitos sustos pela vida fora, porque quem ama preocupa-se, quem ama sofre. Sofre quando o temos de levar às vacinas (sabemos que é para o seu bem), sofre no primeiro dia que o deixamos na creche (hum... será mais durante a primeira semana, mês...), sofre quando ele está doente, sofre porque nunca mais vamos conseguir dormir uma noite tranquila, ou porque deixamos de ter tempo para nós (nem um banho podemos tomar descansadas, como é possível?!) ... 

Mas quem ama também se alegra com cada nova conquista e, nesta fase, todos os dias descobrimos que o nosso bebé já desenvolveu mais alguma habilidade... Agora está na fase em que já corre a sala toda, não, ainda não caminha, mas arrasta o rabo com tamanha destreza que quando damos por ela já andam os livros pelo chão, os dvd’s a servir de baquetas, enfim, é uma animação!

Ser mãe tem sido um grande desafio a todos os níveis (físicos e psicológicos), mas agora que o sou, não trocava este amor por nada deste mundo!



Liane Pinho (e António Sousa)


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